A doença renal do diabetes, também conhecida como nefropatia diabética, é uma complicação crônica e progressiva que afeta os rins de pacientes com diabetes. É uma das principais causas de doença renal crônica em todo o mundo, representando um desafio significativo para pacientes diabéticos e profissionais de saúde.
O médico que realiza o tratamento da doença renal do diabetes é o nefrologista. O Dr Gerard Fajula Sales é médico nefrologista e é especialista no tratamento da nefropatia diabética.
Como o Diabetes afeta os rins?
O diabetes é uma doença metabólica do organismo que leva a dificuldade de controlas os níveis de açúcar no sangue. Esse açúcar circulando no sangue leva a lesão de diferentes órgãos, sendo os mais importantes os vasos sanguíneos, os nervos periféricos, coração, retina e os rins.
A doença renal do diabetes é caracterizada por lesões progressivas nos glomérulos, as estruturas responsáveis pela filtração do sangue nos rins. Os níveis de açúcar aumentados (hiperglicemia) danificam as células endoteliais e mesangiais dos glomérulos, levando a uma alteração na função desta estrutura. Isso leva a uma filtração sanguínea errada nos rins.
Com o passar do tempo, essa disfunção glomerular resulta em proteinúria (presença de proteína na urina) e redução da taxa de filtração glomerular (TFG), que é uma medida da função renal.
Todos os pacientes diabéticos tem doença renal?
Existem vários fatores de risco para o desenvolvimento da nefropatia diabética. O controle inadequado da glicemia ao longo do tempo é um dos principais fatores de risco. Pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 têm maior probabilidade de desenvolver doença renal se tiverem níveis persistentemente elevados de glicose no sangue.
Além disso, a pressão arterial elevada (hipertensão) exerce uma carga adicional nos rins e aumenta o risco de desenvolver nefropatia diabética.
Outros fatores de risco incluem:
- História familiar de doença renal
- Tabagismo
- Obesidade
- Dislipidemia (níveis anormais de lipídios no sangue).
Diagnóstico de nefropatia diabética
O diagnóstico precoce da doença renal do diabetes é fundamental para retardar sua progressão e prevenir complicações graves. Os testes de triagem recomendados para a detecção da doença renal em pacientes diabéticos incluem a medição da albumina urinária (proteína na urina) e a estimativa da taxa de filtração glomerular.
A albumina é uma proteína que, quando presente em quantidades elevadas na urina (microalbuminúria), indica o início precoce da doença renal. A TFG (taxa de filtração glomerular) pode ser estimada usando fórmulas que levam em consideração a idade, sexo, raça e níveis de creatinina sérica.
Existem outras doenças que podem apresentar as mesmas alterações. Sendo assim é importante avaliar o nível de controle da doença por parte do paciente e se essa mostra lesão em outros órgãos alvos.
Assim, se um paciente já apresentar doença na retina e doença neurológica, é mais provável que a doença renal esteja relacionada também com o diabetes.
Por outro lado, em pacientes diabéticos mas que apresentam bom controle da doença e sem outras alterações associadas, se manifestarem doença renal precisamos pensar em outras causas além da nefropatia diabética. As vezes, em casos de duvida diagnóstica, é necessária a realização de biópsia renal para conseguir definir o diagnóstico.
Nefropatia diabética é grave?
A prevenção da doença renal do diabetes envolve o controle rigoroso da glicemia e da pressão arterial. Manter os níveis de glicose no sangue dentro da faixa alvo recomendada pelo médico, geralmente por meio de uma combinação de dieta, exercícios e medicamentos antidiabéticos, é crucial para reduzir o risco de complicações renais.
Além disso, controlar a pressão arterial por meio de medicamentos anti-hipertensivos, dieta com restrição de sal e estilo de vida saudável desempenha um papel fundamental na prevenção da doença renal. A doença renal do diabetes é a principal causa de doença renal crônica.
Nefropatia diabética tem tratamento
Uma vez diagnosticada, a doença renal do diabetes é tratada com uma abordagem multifatorial. O controle estrito da glicemia continua sendo um dos principais objetivos do tratamento, visando a manutenção dos níveis de hemoglobina glicada (A1C) abaixo do limite recomendado.
Além disso, o controle da pressão arterial é fundamental para retardar a progressão da doença renal. Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e os bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA) são frequentemente prescritos, pois demonstraram benefícios renais em pacientes com doença renal do diabetes.
Recentemente tem sido visto o beneficio dos inibidores iSGLT2, uma nova classe de fármacos que aumentaram a sobrevida do paciente e retardaram o inicio da diálise em paciente com doença renal crônica.
Em casos avançados, quando a função renal está significativamente comprometida, pode ser necessária terapia de substituição renal, como diálise ou transplante renal. Essas opções de tratamento substituem a função dos rins, permitindo que os pacientes continuem vivendo com uma boa qualidade de vida.
Conclusão
A doença renal do diabetes representa uma complicação crônica grave para pacientes diabéticos. A compreensão dos fatores de risco, diagnóstico precoce e intervenção terapêutica adequada são essenciais para retardar a progressão da doença e prevenir complicações graves.
Pacientes com diabetes devem se envolver ativamente no controle de sua glicemia e pressão arterial, além de manter um estilo de vida saudável. Além disso, é fundamental um acompanhamento médico regular para monitorar a função renal e ajustar o tratamento, se necessário.
Com uma abordagem abrangente e colaborativa, é possível reduzir a incidência e o impacto da doença renal do diabetes na vida dos pacientes.
Dr Gerard Fajula Sales
CRM 168698-SP
Fonte:
- https://www.diabetes.org.uk/guide-to-diabetes/complications/kidneys_nephropathy
- https://www.niddk.nih.gov/health-information/diabetes/overview/preventing-problems/diabetic-kidney-disease
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